Frentes de atuação

Edilane Aparecida da Silva

Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG)

Projeto: Recuperação de pastagens degradadas em sistemas ILPF, no bioma Cerrado, intensificando o desempenho forrageiro, animal e florestal.
Investimento PRS – Cerrado: R$ 207.096,91
Instituição: Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG)
Instituições Parceiras: UFMG, Unipam, Unimontes, UFSJ, Univale, IFMT Sudeste, Embrapa, UFMT, SENAR, FAEMG e EMATER.

No desafio constante de entender a complexidade das relações entre os elementos presentes em sistemas integrados de produção agropecuária, destaca-se o estudo conduzido sob a coordenação de Edilane da Silva, da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais. Para realizar esse estudo, a pesquisa conta com uma rede de instituições multidisciplinares e interdisciplinares engajadas na promoção da agricultura sustentável e na preservação do bioma Cerrado.

O foco central é aprimorar e garantir soluções tecnológicas em sistemas integrados de produção para ampliar, intensificar, aumentar a produtividade e a rentabilidade da agricultura e pecuária no bioma cerrado, nos terrenos experimentais da EPAMIG (38 hectares) em Prudente de Morais, Patos de Minas e Uberaba, promovendo a revitalização de pastagens de Urochloa, em sistemas de integração entre lavoura, pecuária e floresta.

O desenvolvimento da pesquisa foi no Campo Experimental Getúlio Vargas (CEGT), em Uberaba-MG, para avaliar e difundir entre os produtores rurais da região do Cerrado Mineiro os Sistemas ILP e ILPF. A área de 9 ha foi subdividida em três blocos, cada bloco continha os sistemas integrados de produção – integração-lavoura-pecuária (ILP) e integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), e os sistemas convencionais utilizados no Cerrado Mineiro, tais como: pastagem renovada (PR), pastagem não renovada (PNR), floresta plantada (F) e lavoura (L). Para a recuperação das áreas nos Sistemas PR, ILP e ILPF, foi utilizado o capim-marandu. Contudo, nenhum procedimento foi adotado no Sistema PNR, sendo mantido o capim-marandu já estabelecido. Nos sistemas que utilizaram a lavoura (ILP, ILPF e L) foi plantado milho híbrido transgênico para silagem (Agroceres 8061 PRO2), um dia após o plantio do capim–marandu (março de 2022). Nos sistemas com árvores plantadas (ILPF e F) foram utilizadas mudas de eucalipto (Corymbia citriodora) de 30 cm.

 A produtividade da silagem de milho no primeiro cultivo foi avaliada em junho de 2022, após a implantação dos sistemas. Avaliou-se também o índice de clorofila no milho, nos Sistemas de cultivo L, ILP e ILPF, nos diferentes estádios fenológicos da planta de milho (quarta folha totalmente expandida, sexta folha totalmente expandida, florescimento feminino e grão leitoso). 

Foi avaliada a compactação do solo pela resistência mecânica do solo à penetração, utilizando-se um penetrômetro de impacto. Outra avaliação realizada na área experimental foi a umidade do solo, que foi feita após a etapa de plantio de todos os componentes. Foram instalados tubos de acesso no solo, com leituras feitas pela sonda em formato de tubo (PR2 Prolife Probe), que quantifica automaticamente a umidade nas profundidades de 0,10; 0,20; 0,30; 0,40; 0,60 e 1,00 m, dados esses registrados no equipamento (HH2 Moisture Meter). Após a ensilagem do milho em junho de 2022, o capim-marandu foi mantido nos sistemas para estabelecimento das pastagens. Em novembro de 2022, foram inseridas na área 36 bezerras da raça Gir Leiteiro para avaliações do componente pecuário.

Consórcio milho com capim-marandu, na primeira safra, EPAMIG Oeste em Uberaba.
Figura 1. Consórcio milho com capim-marandu, na primeira safra, EPAMIG Oeste em Uberaba.

No primeiro ano de avaliação, na safra 2021/2020, observou-se produtividade de 2,5; 3,2; 2,42 e 2,9 t de matéria seca/ha para os Sistemas PNR, PR, ILP e ILPF, respectivamente. Observa-se que a produtividade da PNR é bem inferior que a da PR, que estava em estabelecimento. A produtividade total de forragem, incluindo a massa de forragem do milho silagem, nos sistemas L, ILP e ILPF foi maior. Nessa avaliação, cerca de 15% e 18% da biomassa, dos sistemas ILP e ILPF, respectivamente. A produtividade do capim-marandu no período de consórcio com milho, durante o segundo ano de avaliação, não diferenciou

nos Sistemas que tiveram reposição de nutrientes (PR, ILP e ILPF) em relação ao sistema PNR, apresentando média geral de 2.075 kg de matéria seca/ha. Entretanto, a biomassa de capim-marandu produzida pela PR apresentou maior capacidade de suporte em relação às demais. Observou-se menor índice de clorofila no Sistema ILP (35,71) em relação aos demais Sistemas (40,71; 41,07 e 39,86 para ILPF, PR e PNR, respectivamente). Observou-se também que o milho cultivado na safrinha e no primeiro ano após a recuperação das áreas não teve altura suficiente para seu sombreamento influenciar no índice de clorofila do capim-marandu nos Sistemas ILP e ILPF. As novilhas tiveram um crescimento ponderal esperado para a fase de crescimento da raça Gir Leiteiro, apresentando um crescimento linear.

Novilhas Gir Leiteiro pastejando capim-marandu, EPAMIG OESTE, Uberaba.
Figura 2. Novilhas Gir Leiteiro pastejando capim-marandu, EPAMIG OESTE, Uberaba.

Os resultados do primeiro ano de avaliação mostram que a recuperação de pastagem degradada no Cerrado Mineiro melhora a produtividade de forragem da pastagem, incrementa a produção de silagem de milho e aumenta a produção animal por área.

Os sistemas integrados de produção agropecuária têm sido utilizados como estratégias para recuperação de pastagens no Bioma Cerrado. 

A recuperação de pastagens degradadas são alternativas importantíssimas para diminuir o impacto ambiental da atividade agropecuária e aumentar a renda de pequenos e médios produtores no bioma Cerrado.

Os sistemas integrados de produção são estratégias que visam otimizar a produção agrícola, pecuária e florestal em um mesmo espaço, por meio do aproveitamento eficiente dos recursos disponíveis. Esses sistemas merecem destaque em virtude dos benefícios econômicos, ambientais e sociais que oferecem.

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